VERSO E
REVERSO
Terra verde com fartos
arvoredos,
Prenhe de esperanças
E segredos,
Fruto de sonhos e cansaços,
Onde o homem gastou seus
braços
E abastanças.
Olhares postos num risonho
futuro,
A compensar o trabalho duro
Dos calejados dedos.
Longos caminhos, em qualquer
dia,
Percorre o afortunado
lavrador
Para tratar com carinho e
amor
Cada árvore em que se
extasia,
Numa unção de ardente brilho,
Porque a plantou como se gerasse um filho.
Dorme ou acorda e o seu
cuidado
Redobra ao sentir
crescer
As meninas dos iluminados
olhos.
De manhã e ao
entardecer
Ouve os sussurros de
uníssono trinado
Dos ramos que, entre
abrolhos,
Se bamboleiam num encantador
bailado.
Cai a chuva, solta-se o
vento,
Como bênçãos fecundantes do
Criador,
Radia o Sol no seu calor,
Emprestando a esta
natureza
O encantamento
Da força e beleza,
Num sempre renovado
esplendor.
Até as aves, em altíssima
liberdade,
Ali fazem seus aprazíveis
palácios,
Criam os filhotes num mundo
de verdade,
Aspiram ares puros e
rosáceos,
Sem a pecha da humana
vaidade.
Mas foi tempo quando um
coração, em festa,
Corria a comprazer-se com a
floresta.
Agora, as maldades consomem
Todo o esforço e canseiras
do homem
Que, amargurado vive, nesta
hora, a tristeza
Da natureza
Destruída,
Sem beleza
Nem vida.
Regressa ao lar, alquebrado
e vencido,
Desnorteado e aturdido.
Carrega nos ombros o peso da
enxada
E mais, nos olhos, a revolta,
Donde solta
Lágrimas de cinza e nada.
Verão de 2013
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