A PEDAGOGIA DO PÃO
Quando subiste, Senhor, ao
alto monte
E contemplaste toda a humana
pobreza,
Mostraste-Te como inesgotável
fonte
Da Palavra e infinito
perdão,
Alimentos de conversão
Do homem, pecador por
natureza.
Diante de Ti, o imenso coro
de esfomeados
Fez estremecer Teu magnânimo
coração;
Era gente simples da classe
dos deserdados
Que, na procura da
felicidade,
Vislumbrava a caridade
Do Pão.
Experimentaste a pouca
competência
Daqueles que Te seguem pelo
caminho
Sem soluções para valer à
indigência
Do povo faminto e mesquinho,
Quando a injustiça limita o
seu viver
Num horizonte mísero ou sem
garantia
De o amanhã consigo trazer
A alegria.
Ensinaste com humildade e
sentido
Que o pouco de cada
mensageiro,
Devidamente pesado e
repartido,
Mataria a fome ao mundo
inteiro.
Partilhar é a grandíloqua
arte
De descobrir os muitos dons
de fortuna
Que Deus connosco
reparte
Como bens da vida eloquente,
A todos reprovando, firme e
docemente
Se a avareza nos enfuna.
Cinco pães e dois peixes
foram o bastante
Para levar, por diante,
A fé ou também a
curiosidade
Sobre Aquele Jesus e
Senhor
Que multiplicou o Pão da
Bondade
Para os pobres sem amor.
Feliz o rapazito que
partilhou
Com os outros o seu
repasto
E, do tempo gasto,
Muito mais lucrou,
Pela gratuidade
E fraternidade
Que enxugaram lágrimas
vertidas,
Salvando as vidas
De quem se ficava longe da
Verdade,
Por humilhante
crueldade
Do outro, arrogante e forte,
Fazedor de miséria e morte.
Nos pães multiplicados,
Todos somos chamados
À partilha, entre irmãos,
De tudo quanto temos e
sabemos
Fazer por nossas mãos,
Espargindo a verdade da Luz
Que nos ensina e conduz
À prática da virtude,
Na plenitude
De Jesus.
(17º
Domingo do Tempo Comum, Ano B. Jo.6,1-15)