Desconcertante foi sempre o Senhor
Que anunciou a morte para dar a vida;
E, enquanto os seus esperavam condição melhor,
Aconselhou-os a terem ambição mais comedida
Buscando, antes, o caminho do amor.
Isso será algo que seduz,
Mas ao calvário conduz
A quem ama e segue Jesus,
Caminho, Verdade e Luz.
As metas humanas são diferentes
E procuram bens passageiros,
Mas os que deixarem para trás boas sementes,
No Reino dos Céus, serão os primeiros.
O conselho do Mestre é de prudência:
Renunciar aos bens efémeros e traiçoeiros
Das benesses, gratificações, reconhecimentos.
Entrar no projecto de Deus é a ciência
De esquecer a si mesmo, em todos os momentos,
Para a disponibilidade e complacência
De amar gratuitamente sem ganância nem demência.
Preciso é, também, seguir o Senhor
E percorrer, sem receios, um caminho,
Abraçando uma cruz de amor
Na fidelidade consciente ao Evangelho,
Purificando a vida no cadinho
Do divino e frutuoso conselho
De, sem reservas, fazer o bem
E assim, tornar mais feliz alguém.
Seguir o Mestre é fortificar a certeza
Por partilhar a Sua acção,
Com o sentido alimentado na firmeza
De apostar para o homem a salvação.
Quem dá a sua vida nunca a vai perder
Porque semeia para a guardar.
A existência do homem é transitória e breve
Mas, na fé, se tornará mais leve
E uma recompensa há-de receber
Das mãos do Senhor que o quer salvar.
O mundo e suas coisas irão acabar
Porque válidas apenas para um tempo que passa,
E quem perder a vida há-de, ainda, encontrar
O que fez e ofereceu como dom da Graça.
Com esforço e perseverança,
Enquanto é dia e faz luz,
Renovados na esperança,
Para nós, vamos aceitar, confiantes
E vigilantes,
O mistério da Cruz
Do Senhor Jesus.
Manuel Armando
(Reflexão para o 22º Domingo Comum, Ano A)
(Mt.16,21-27)