Aparente ou real a contradição
apenas pelo seu conceito que não na sua realidade.
Há coisas
passageiras para as quais seria supérflua a sua longevidade; outras, ficam para
sempre, mesmo tendo sido anunciada a brevidade de duração.
Numas vezes
sucede tudo isso por qualquer distracção e negligência permanente ou pela falta
de meios, quiçá económicos, mas noutras por interesses escamoteados e, até
mesmo, escandalosamente ostensivos.
Não é de pasmar vermos anexos das construções
erigidas até ao ponto de poderem albergar alguém que lá se instala
provisoriamente, acabando, porém, por prolongar a sua utilização por dias sem
fim.
Há medidas
organizativas no campo social e político com carácter de experiência,
alcançando depois o direito de leis perpétuas.
Determinadas
normas adiantadas para precaver certas situações, determinadamente embaraçosas,
nem de velhas morrem.
Nos últimos
tempos, vamos assistindo à teatralização da vida e seus contornos com actos
premeditados de cenas tristes em que todos somos os actores pobres, comandados
por alguns que, mais ou menos escondidos na guarita do “ponto” ou por trás das
cortinas de palco, vão indicando o que deve fazer-se ou dizer-se. E se,
porventura, algum interveniente não atende à “deixa”, logo está a ser marcado
fora da plateia e do respectivo papel mal desempenhado.
Imaginemos, a
propósito, o panorama da sociedade, a nossa, daqui a uns tempos à frente
quando, já agora e como exemplo, foram congelados ou diminuídos os ordenados e
férias; impostas, disparatadas ou aumentadas, as taxas moderadoras; onerados,
com alcavalas de esquecer, serviços e bens essenciais; aumentada a idade de
reforma; alvitrada e mal explicada a infinidade de sacrifícios que
sobrecarregam a arraia-miúda; encerramento dos muitos centros de saúde e
educação, na província; supressão de zonas administrativas e autárquicas e o
mais que se há-de ver, tudo com carácter temporário.
Da mesma forma,
em nome do trabalho e produtividade, serão abolidos alguns feriados,
coincidentes ou não com os chamados “Dias Santos”.
Quanto a estes,
dizem acontecer isso, provisoriamente, pelo período de cinco anos.
Não me rio
disso porque não tenho vontade nem lhe acho nenhuma pilhéria. Valha a verdade
que não me fazem muita falta mas antevejo, para os acordos de tudo isto,
provisório, uns contratos renováveis definitivos para séculos de séculos. Amén.