Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O PROVISÓRIO DEFINITIVO


      Aparente ou real a contradição apenas pelo seu conceito que não na sua realidade.
    Há coisas passageiras para as quais seria supérflua a sua longevidade; outras, ficam para sempre, mesmo tendo sido anunciada a brevidade de duração.
    Numas vezes sucede tudo isso por qualquer distracção e negligência permanente ou pela falta de meios, quiçá económicos, mas noutras por interesses escamoteados e, até mesmo, escandalosamente ostensivos.
    Não é de pasmar vermos anexos das construções erigidas até ao ponto de poderem albergar alguém que lá se instala provisoriamente, acabando, porém, por prolongar a sua utilização por dias sem fim.
    Há medidas organizativas no campo social e político com carácter de experiência, alcançando depois o direito de leis perpétuas.
    Determinadas normas adiantadas para precaver certas situações, determinadamente embaraçosas, nem de velhas morrem.
    Nos últimos tempos, vamos assistindo à teatralização da vida e seus contornos com actos premeditados de cenas tristes em que todos somos os actores pobres, comandados por alguns que, mais ou menos escondidos na guarita do “ponto” ou por trás das cortinas de palco, vão indicando o que deve fazer-se ou dizer-se. E se, porventura, algum interveniente não atende à “deixa”, logo está a ser marcado fora da plateia e do respectivo papel mal desempenhado.
    Imaginemos, a propósito, o panorama da sociedade, a nossa, daqui a uns tempos à frente quando, já agora e como exemplo, foram congelados ou diminuídos os ordenados e férias; impostas, disparatadas ou aumentadas, as taxas moderadoras; onerados, com alcavalas de esquecer, serviços e bens essenciais; aumentada a idade de reforma; alvitrada e mal explicada a infinidade de sacrifícios que sobrecarregam a arraia-miúda; encerramento dos muitos centros de saúde e educação, na província; supressão de zonas administrativas e autárquicas e o mais que se há-de ver, tudo com carácter temporário.
    Da mesma forma, em nome do trabalho e produtividade, serão abolidos alguns feriados, coincidentes ou não com os chamados “Dias Santos”.
    Quanto a estes, dizem acontecer isso, provisoriamente, pelo período de cinco anos.
    Não me rio disso porque não tenho vontade nem lhe acho nenhuma pilhéria. Valha a verdade que não me fazem muita falta mas antevejo, para os acordos de tudo isto, provisório, uns contratos renováveis definitivos para séculos de séculos. Amén.