Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

quarta-feira, 1 de junho de 2011

ANUNCIAR É MEU DEVER

              Ouço ao longe, ecoando, um grito
              De alguém que brada pela minha presença;
              Não é a fantasia
              E, muito menos, utopia
              Mas, isso sim,
              Perto de mim,
              A realidade da vastidão imensa
              Onde se misturam a fé e o mito.
              Há que mergulhar nas entranhas do mistério,
              Romper as peias da vergonha e do medo,
              Escancarar as portas que, tarde ou cedo,
              Vão mostrar a vida pelo lado mais sério.
             
              Sinto o meu mundo cercado de desconfiança
              E tento esquecer-me do convite de antanho;
              Escorrego, caio, estatelo-me na ribança,
              Como o cego com seu olhar tacanho
              Quando tropeça na própria figura
              E se afunda ainda mais na desgraça
              Do esquecimento e desdém daquele que, porventura,
              O conhece, mas despreza e ignora,
              Enquanto se pavoneia nos caminhos por onde passa
              E, na arrogância infame da chalaça,
              O encara, de soslaio, e se vai embora.

              Subamos, em grupo, ao monte da elevação,
              Com humildade e esforço na persistência;
              Diante de todos nós a enorme vastidão
              Dum mundo que se esgota no gozo e diversão,
              Entregue aos devaneios da mentira e violência.

              O Espírito, na caminhada, é nosso Consolador e guia
              A dar sentido ao trabalho de cada dia,
              Enquanto o Senhor nos sacode e envia
              Como testemunhas de coragem e alegria.
              Em Cristo, também o Homem é ressuscitado
              E há-de vencer o túmulo do pecado.

              Aos outros irmãos vamos, pois, anunciar
              Que a Verdade a todos vem libertar.

              Na desconfiança relutante e teimosa incerteza
              Que me assaltam a todo o momento,
              Assumo a minha miserável e arrogante natureza;
              Por isso, a Ti, Senhor, rogo o perdão e o alento;
              Minha vida seja, da Tua vontade, instrumento.
              Então, jamais, eu duvide da Tua presença
              Prometida para todos, e em qualquer momento.
              No meio dum mundo de infidelidade intensa
              Eu sirva e anuncie o único projecto do amor
              Que descobre e mostra o Teu rosto, Senhor.

                                                                    Manuel Armando


                    (Reflexão para o 7º Domingo da Páscoa – Ascensão, Ano A)