Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

FATALISMO E PREVENÇÃO


 

      FATALISMO E PREVENÇÃO

   Não sou nem penso querer ser fatalista e também não me encaminho por essa via que atribui tudo ao destino donde não haja saída possível.
    Acredito, sim, que todas as coisas e acontecimentos estão no pensamento do Criador, até mesmo quando Ele usa a mão-de-obra natural ou humana para manifestar a Sua presença e o Seu poder sobre toda a natureza criada.
    Com a pressa como nós ouvimos algumas coisas, não prestamos atenção a pequenos nadas aparecidos diante dos nossos olhos como sinais reveladores da existência de Alguém que superintende e controla todo o desenrolar das forças deste planeta que habitamos.
    Interessa-me observar os acontecimentos, sejam eles quais forem, numa perspectiva racional para a confrontar, depois, com a minha atitude na aceitação de Fé.
    Fomos “visitados” por uns ventos fortes e mais alguma chuva. Houve casas destelhadas, muros derrubados, colheitas goradas, indústrias e produções destruídas. Tudo isto e mais outros pormenores a serem ocasião de pedidos e exigências dirigidas aos poderes constituídos na esperança de se obviarem ou aliviarem consequências mais gravosas para uma economia familiar já de si muito periclitante e enfezada.
    Lembramo-nos certamente de outros tempos em que as catástrofes naturais aconteciam, arrastando consigo o aumento das carências, para não dizermos miséria, e até pareciam mais frequentes do que nestes nossos tempos de agora.
    Lançamos então a nossa atenção para horizontes bastante alargados de outras zonas do globo onde parecem amontoar-se destruição sobre destruição, fome sobre fome, morte sobre morte.
    É longe de nós, pensamos. Lamentamos, mas concordamos em esquecer mui rapidamente e, de certeza, tentaremos levar a nossa vidinha em frente, sem outras grandes preocupações.
    Os meios de Comunicação têm o condão de causar em nós um calo na visão e facilmente endurecemos.
    Passados e, talvez, vencidos os primeiros impactos, tudo retorna ao desenrolar calmo e alienado de todos os dias. Algumas pessoas ainda vão fazendo os seus balanços e, assim, tomam consciência da dimensão dos prejuízos, martirizando-se certamente pela incúria em relação a determinados bens que poderiam, eventualmente noutras circunstâncias, ser preservados.
    Eu volto, de novo, a referir os fortes ventos e chuvas para expressar o meu pasmo ou perplexidade por constatar o facto da enorme devastação, acontecida em muitos sítios onde, no meio do estendal de tantas árvores de grande porte derrubadas, terem ficado umas outras bem de pé, como se nada tivesse acontecido, em redor.
    São sinais dos tempos.
    Fico, por isso, a congeminar a ilação que deva retirar-se de tudo isso.
    E cismo: - aqueles que tombam por quaisquer vicissitudes negativas da vida do trabalho, empreendimento, espírito de conquista, emigração, clubismo e noutros campos passam sempre a serem olhados como os coitaditos da sociedade porque não se aguentaram em pé por negligência, ausência de esforço ou inaptidão, portanto, merecedores de serem cortados do terreno e lançados na fogueira do esquecimento.
    Pelo contrário, também passará por nós o ímpeto de nos extasiarmos com quem permanece de pé, vencendo a vida e as suas incongruências.
    E nisso teremos, todos nós, de prevenir ou aprofundar as raízes do nosso agir com uma esperança fundada para nos agarrarmos ao que possuímos de mais seguro, quero dizer, à fé e ao “pau da barca”.
    Assim parece que ultrapassaremos o dito fatalismo.