Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

COMO FAZER, SE AS ESCOLAS FECHAM PORTAS?

         Tenho de voltar aos bancos da Escola Primária. Bem sei que, agora, não se chama assim. Todavia, pessoalmente, acho esta nomenclatura ter mais consistência, conteúdo e história.
         Não me agrada, mesmo nada, ler os livros actuais escritos na crista da onda do novo acordo ortográfico. E, por sinal, até estou com um desses entre mãos, aliás de assunto bastante interessante, mas que me causa um embaraço, para não dizer náusea, e vontade de sublinhar, a vermelho bem carregado, todos os vocábulos que não se parecem com quanto aprendi, em pequeno. Assim, alguns senhores levariam as palmatoadas semelhantes àquelas com que fui mimoseado, durante o tempo do romper os fundilhos, nas toscas cadeiras da velha sala de aulas.
         Ou, então, vejo-me forçado a pensar mal da senhora Professora, cuja memória religiosamente lembro, que me amparou ao longo dos quatro anos primários, porque não me terá ensinado como e o que deveria na arte da escrita. Mas, tal coisa não é viável nem admissível de pensar, sequer.
         Outra conclusão a invadir-me a memória, é aceitar que os alunos, em tempos, “passados pelas minhas mãos”, tinham completa razão quando apresentavam exercícios onde a forma de escrever correspondia ao “cada cavadela, cada minhoca”, tantos eram os erros de ortografia que, orgulhosamente, ostentavam.
         Posso, ainda e sem receio de engano, deduzir que tal acordo apareceu para tapar, como peneira bem rala, o pouco conhecimento de quem escrevia mal, mas que passou a fazê-lo bem em virtude das regras fabricadas para as explicações adequadas a determinada burrice.
         Também é certo ver tais metamorfoses obrigarem outras boas almas a um ingente esforço para fazerem verdadeiras reciclagens dos métodos de ensino, situação causadora de revoluções intelectuais animicamente depressivas.
         Por mim, confesso, proponho-me continuar a escrever absolutamente como aprendi, uma vez que, tendo batido já às portas de várias Escolas, nenhuma delas me aceitou, informando-me os seus responsáveis sobre a impossibilidade de o poderem fazer porque, como me responderam (na galhofa, claro), “burro velho não aprende línguas”.