Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

quinta-feira, 18 de abril de 2013


 

 

 

    O “PORREIRISMO”

 

    Nos tempos que correm, sucedem-se episódios na vida das pessoas que parecem acompanhar as necessidades sociais, como também, o depravar-se tudo quanto é valor do antigamente.

    A crise, instalada contra a vontade e sem a colaboração do cidadão comum, poderá ser uma das causas motoras dos incidentes a que esta sociedade quer estar anexa. Há a impressão de nada se conseguir que não tenha, por trás de si, uma carga sociológica da tão propalada “cunha”. Ela passou, frequentemente, a ser o maior agente empregador nacional.

    Quem fala sobre tal pecha a ocupar os espaços, por vezes, de uma forma errada por ausência de capacidades e aptidões ou, como se diz resumidamente, idoneidade, pode referir também todos os sectores onde a vida humana se desenvolve diariamente. Torna-se quase obrigatório que o favorzinho seja feito, mesmo escamoteando-se quaisquer itens daquela norma ou lei que deve reger o bom senso de uma sociedade organizada e, mutuamente, respeitadora.

    Vou-me lembrando das queixas, muitas vezes, trazidas à tona pelas pessoas que, em concursos para determinados postos de trabalho, não vêem respeitados os seus valores adquiridos. Embora a classificação nos mesmos tenha sido superior para alguém, pode acontecer-lhe, todavia, ser preterido por outrem, portador de uma fisionomia mais simpática e atraente ou arrastando consigo alguma benesse para o agente empregador o qual arranja sempre um álibi explicativo relativamente ao seu desvio. A partir daí, e quando assim acontece, nada mais ou pouco pode fazer-se.

    É frequente a tentação de peitar-se alguém para obter o tal favor, pensado necessário em determinadas circunstâncias ocasionais.

    Quando o indivíduo abordado fecha os olhos da consciência, já de si embotada, torna-se patente o grau de desigualdade e injustiça criado, sobre o que não haverá um controle possível pois todos os outros, seus pares, adquirem um direito de reclamar tratamentos iguais.

    Poderão suceder tais acidentes nas entidades tanto empresariais, como governativas e também eclesiais.

   Até, aqui, não raro, se confundem os conceitos de consciência moral, religião e imoralidade.

    Significa isto, a Igreja ser de origem divina, mas construída sobre homens que formam uma sociedade normal e, obrigatoriamente, conduzida com regras, supostamente pensadas e baseadas nas atitudes de humildade e fé.

    Frequentemente serão, mesmo, aqueles que, não tendo qualquer prática religiosa, procuram subornar quem é responsável pela correcta condução de comunidades na área da prática doutrinal.

    Se esses, por infelicidade de vistas grossas, conseguem os seus objectivos imediatos, logo acham que o “palerma peitado” é um “gajo porreiro”. Todos os outros passarão para o rol dos antiquados e atrasos de vida pois não deixam que as coisas andem para a frente, sendo mesmo considerados como causa principal de muitos abandonos, na grei do Senhor.

    Entretanto, tais pessoas não abandonam coisa nenhuma porque já nada tinham nem eram.

    Pessoalmente, eu não quero ser simpático e, tão-pouco, “porreiro” por ainda ter a noção de que o dinheiro e os favores se apresentam como alienantes dos valores positivos e podem dificultar, irremediavelmente, o bem-estar comum.

    O “porreirismo”, (enquanto corrente psico-filosófica dos banais), e a mentira não estarão muito longe, entre si.