Encontrar um poço de água viva e cristalina,
Quando o sol nos queima e ilumina,
É mergulhar na vida e seu mistério,
Descobrir para as agruras o refrigério,
Tornar mais activa a força da crença,
Esquecer o desprezo e a ofensa,
Saborear o dom benfazejo da frescura
E aliviar a carga de uma tarefa mais dura.
Ao fim dum dia, como no deserto,
Tudo nos parece bem perto
Daquele que nos concede a vida,
E, na hora muito pesada e triste,
Debaixo do sofrimento da penosa corrida,
Ele continua connosco e não desiste.
Toca, em momento oportuno, à nossa consciência;
Incentiva cada um de nós à resistência
Contra o pecado deste velho mundo;
A Sua Palavra penetra-nos até ao fundo
E transforma a alma da nossa vontade,
Apontando os caminhos da verdade.
Quero conhecer os dons de Deus,
E Aquele que dá a água de vida eterna
A quem tem o desejo de entrar nos Céus,
Trabalhando para voltar à Casa paterna.
Apontas, Senhor, para o nosso agir e mudança,
Com esforço e coragem na persistência;
Tua Palavra em nós é fonte de esperança,
É água viva que jorra sem parança,
Como sinal do Teu amor, perdão e clemência.
És poço amigo onde encontro, em abundância,
A graça que salva e mitiga a dor,
Porque é límpida e nos inunda de amor,
Acalma a constante labuta e tranquiliza a nossa ânsia.
Leva-me, Senhor, a beber a água pura
Do Teu poço, rico de misericórdia.
Que Te encontre nos atalhos da vida dura,
Espalhe a caridade onde reina a discórdia,
Seja instrumento e voz da Tua Verdade,
Testemunho da esperança e fidelidade.
Esteja eu disponível para servir a quem pede
O copo da Tua água viva que apague sua sede.
Manuel Armando
(Reflexão para o 3º Domingo da Quaresma - Ano A)