Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

sexta-feira, 1 de abril de 2011

NA MÃO DE DEUS, A VIDA

Desconhece a razão mas, bem no fundo,
O Homem não aceita, de bom grado, seu mundo
No relativismo vivido entre a derrota e a morte,
Sem a esperança de encontrar o verdadeiro norte.
Grita, aos ventos, a revolta da sua pequenez,
Maldiz todo o sofrimento ou agruras da sorte;
Desorientado pela teimosia da sua altivez,
Recusa o encontro silencioso com a graça da Fé
Que o seguraria sempre firme e em pé,
Com um coração sincero e vontade mais forte.

Por veredas tortuosas ou estreitos carreiros,
Cada um poderá tentar responder
A quem nos chama aos lugares cimeiros
Da ressurreição consciente e livre do dever.

Após grandes esforços e cansaços
Do trabalho nesta enorme construção,
Alguém o espera e lhe abre os braços
Para acolhimento e experiência do perdão.

Mas de muitas bocas saem os sinais dum fim,
Armas e canhões cospem a podridão do pecado;
Nações e seus grandes senhores forjam, assim,
O desespero do Homem, já de si, torturado
Pela fome, injustiça e ambição,
Sem esperança de entrar no festim
Da Ressurreição.

Exangue, quase sem força nem vontade
De ressurgir, a humanidade
Entrega-se ao seu desnorte
E cultiva, cobardemente, a prática da morte.
O Senhor Deus, porém, numa amorosa contrapartida,
Diante do Homem abre a porta da Vida.

Com voz poderosa e autorizada,
Plena de bondade e compaixão,
Levanta o pecador, de um mundo que é nada,
Para lhe mostrar novos rumos de Salvação.
No Seu olhar divino de grande ternura,
Se encontra toda a certeza da felicidade futura.

Dá-nos, Senhor, um desejo de vida nova,
Afasta-nos da miséria e escuridão,
Que, no sofrimento diário, vejamos a prova
Da confiança provinda pela redenção,
Sentindo sempre, na queda ou desilusão,
A firmeza e o conforto da Tua mão.

Manuel Armando

(Reflexão para o 5º Domingo da Quaresma – Ano A)