Vamos ler um eminente
testamento
Pejado de promessas e bons
recados,
Algo a cumprir-se em
qualquer momento,
Mais nas horas de angústia
ou sofrimento
Dos irmãos, por suas dores
retalhados,
Que, da vida desanimados,
Procuram compreensão a
alento.
Não está escrito nalgum
documento
Que o tempo corrói e esmaga
Nem é o efémero sentimento,
Em breve, votado ao
esquecimento
De quem em si, por
leviandade,
Negligência ou perversidade,
Tudo apaga.
Guardado em coração de
liberdade,
Aberto ao aconselhado preceito
Quando gravado no íntimo do
peito,
Transforma a vida da
humanidade
Num abraço sincero de caridade,
E acarreta consigo o
compromisso profundo
De tornar mais belo e feliz
o mundo.
“Amai-vos uns outros, a cada
instante,
Mas como Eu vos amei”, diz o
Senhor.
Sem reservas, quebras nem
tibieza,
O aceno dado ao irmão
vacilante
Irradia luz, espalha força e
calor,
Aconchega à consciência a
firmeza
De encontrar, na humana
comunhão,
O penhor
Da Salvação.
Nada tão importante como a
caridade
De quem dá a vida pelo amigo
ou irmão.
Assim o Mestre, na suprema e
livre doação,
Estreita com a humanidade
pecadora
Laços que mudam a passageira
fraternidade
Em vida plena, robusta e
criadora
De comunhão.
Chamados à profunda
intimidade
Do nosso Deus, terno e
bondoso,
Produzimos abundantes frutos
de eternidade
E, com o trabalho
comprometido e fogoso
Que preenche a existência
breve, vazia,
Antevemos um infindável e
divino gozo
De paz e alegria.
(6º Domingo da Páscoa – Ano B,
Jo.15/9-17)