Senhor, quando perderás a mania
De contradizer tantos projectos
Que para nós, homens, parecem correctos
Mas são, dizes Tu, mera fantasia?
Bem manifestas Tua vontade,
Teus modos de acção e planos,
Todavia, nós recusamos a verdade
Desse amor e bondade
Porque nos mostramos, apenas, humanos.
Procuras todos quantos, ociosos,
Se arrastam nas encruzilhadas do caminho,
Quando, com sinais simples e silenciosos,
Chamas ao empenhamento e, de mansinho,
Nos afastas de tempos vazios e perigosos.
A cada um convidas para começar
Na primeira,
Terceira,
Sexta ou última hora;
Jamais alguém pode ignorar
Que é preciso trabalhar
Sem demora.
* * *
O reino de Deus é imenso e urgente
E todos lá têm lugar,
Trabalhando afanosamente
Sem desanimar.
O Senhor é sério e bom pagador,
E irá sempre recompensar
Com justiça, reconhecendo o valor
Daquele que se quer entregar
À missão,
Neste mundo desanimado,
Na busca da Redenção
E da vitória sobre o pecado.
Alguns se levantaram mais cedo
Vencendo o orgulho, a fraqueza ou o medo,
Deram o seu insofismável assentimento,
E, naquele preciso momento,
Aceitaram um único denário
Como suficiente e adequado salário.
Vieram, depois, uns outros mais atrasados,
Que não sofreram o peso do calor
Mas encontraram o mesmo amor
E foram contratados.
Então, o dono da grandiosa vinha,
Quando o dia chegou ao final,
Aos trabalhadores pagou por igual
E, dando tudo o que tinha
Da Sua Infinita generosidade,
Mostrou o sentido da igualdade.
Desde os últimos até aos primeiros,
Pela voz dos mensageiros,
A todos sentou à mesma mesa
E, em grande franqueza,
Apelou ao sentido de união
Ensinando que, só na comunhão,
O mundo será capaz
De encontrar em tudo quanto faz
A razão
Da paz.
Manuel Armando
(Reflexão para o 25º Domingo Comum, Ano A)
(Mt.20, 1-16)