ANJO OU
IMAGEM?
Vi um qualquer anjo mendigo,
Vindo do Céu ou da Terra,
não sei.
A sua pequenina
estatura,
Vestia-se de magnífica
alvura.
E porque nada trazia
consigo,
Logo assim o admirei.
Seus cabelos louros pareciam
dourados.
Diante daquela tamanha
pureza,
Sem prosápia ou leveza,
Me envergonhei
E lastimei
Os meus pecados.
Em tudo encantava com seu
sorriso,
A todos acenava na inocente
simplicidade,
Brincava sem medo nem
preconceito,
Abria-se nos gritos a seu
jeito
E, naquele momento
preciso,
Só a verdade
Lhe saía do peito.
No olhar foi sempre
profundo
A perscrutar tudo à sua volta
E, porque sentia sua alma
mais solta,
Revolvia todo o nosso mundo,
Denunciando a falsidade
Dos homens de qualquer
idade,
Presos à suposta
segurança
Da preguiça que sempre os
lança
Na ociosidade.
Continuo a sentir-me
embevecido,
Diante da grandeza de tal
pequenez
A contrastar com a
altivez
Deste meu eu, mal
sentido,
Pois ainda não reconheci
Dever a vida crescer em boa
confiança.
Afinal, parece que um sonho
eu vivi,
Em uma noite escura de
breu,
Porquanto escutei o troar da
guerra,
Onde, perdido ou alheado e sem
parança,
Descobri, não um anjo do
Céu
Mas, pedindo pão e paz para
esta terra,
O Homem, ainda criança.
Março - 2014