Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

sexta-feira, 25 de março de 2011

SÓ EM DEUS A LUZ

         Pior mal é o de quem nada procura ver;
         Por si mesmo assume toda a cegueira
         Quando só o mundo material vai conhecer
         Com a sua vaidade e teimosia traiçoeira.
         Quem não vê anda na escuridão,
         Deixa passar o tempo da luz,
         Despreza aquele que lhe estende a mão
         Para, assim, esquecer e recusar quem o conduz.

         Os instalados de vida, numa sociedade vazia,
         Que desdenham, sem pena do seu semelhante,
         Idolatram seus bens de fortuna e sua fantasia
         E não aceitam que outros passem adiante.

         Olhar para o mundo que nos rodeia,
         Descobrir nele sua beleza e harmonia,
         Respirar a criação em fogo que incendeia
         É supor o Criador
         Que, no supremo gesto de amor,
         Nos envolve e compromete na sua alegria.

         O Senhor nos chama, a cada instante,
         Para abrirmos os olhos à luz do dia
         E que reconheçamos a injustiça gritante
         Do nosso pecado de crueldade e rebeldia.

         Nascemos cegos pela própria natureza
         Por sermos frutos da humana inconsciência
         De quem procurou a repentina beleza
         Do conhecer desobediente a árvore da ciência.

         Amassaste, Senhor, o mundo do pecado e da lama;
         Com ele e nele clareaste o meu olhar;
         Hoje, posso amar e seguir quem me ama,
         Vencer os empecilhos e os escolhos,
         Sem peias e, na verdade, caminhar,
         Contemplando a vida com uns outros olhos,
         Longe do vazio e da inutilidade
         Porque, pela graça baptismal, restituído à liberdade.

         Contigo, ó Deus, eu encontre a radiante luz,
         Avance no testemunho sem vacilar,
         E que o mundo não me torne a cegar.
         Carregue, com entrega e humildade, a minha cruz,
         Na comunhão permanente com Teu Filho Jesus.


                                                            Manuel Armando
        
    (Reflexão para o 4º Domingo da Quaresma, Ano – A)