"TU ÉS MÃE, E AS MÃES
SABEM TUDO"
Continua a ser muito
salutar o entendimento mútuo, a afectividade aberta e confiante dos filhos
frente ao trabalho e presença constante dos pais. Bom seria que as
responsabilidades e compromissos destes nunca fossem esquecidos nem alijados
para outros ombros situados longe de quaisquer referências aos mais novos a não
ser encontrar neles o motivo de emprego e salário.
Perante
os imensos perigos e solicitações a que, hoje, as crianças estão expostas, mais
se torna necessário e urgente as famílias apostarem numa atenção solícita
evitando, por vezes, uma verdadeira derrocada moral dos afectos e
sensibilidades.A personalidade infantil alicerça-se na conduta temperamental cuidada dos seus progenitores. Daí que trair tamanho ideal corresponde a criar desalojados da existência e lançar no degredo, para não dizer na sarjeta, aqueles que poderiam tornar-se, mais adiante, esteios seguros de uma sociedade sadia e operante.
Quando se encontra um jovem equilibrado, é visível ou transparente toda a solicitude despejada sobre ele aquando das fases mais susceptíveis do seu crescimento harmónico.
É obra que deverá recair numa responsabilidade a dois. Mas se porventura fracassa um dos lados, incumbe ao outro arcar com dupla missão.
Aí, a confiança do filho parece redobrar até porque a sua atenção se projecta num único alvo.
Estou a trazer à memória aquela mãe que encontrou, de um momento para outro nas suas mãos, a condução dos destinos da casa e a carregá-la, exclusivamente, sobre os seus ombros.
Os filhos, privados de outra tutela, recorreram sempre à sua única tábua de salvação e bem depressa entenderam que a mãe era um em dois, nas tarefas domiciliárias e familiares quanto à educação e amparo.
Se não, vejamos. Ao mais novo fora-lhe oferecido um carrinho de brinquedo. Passado algum tempo e depois de alguns trejeitos no divertimento, estragou-se. O miúdo dirigiu-se com confiança aberta à mãe e disse-lhe: “Mãe, arranja”. Ao que ela respondeu: “Não posso fazer nada porque não sei”.
Ripostou, porém, ele: “Tu podes, tu sabes porque és mãe; as mães sabem tudo”.
Não lhe sobrava, pois, outra alternativa e a solução deveria aparecer.
À socapa, procurando não defraudar aquela desmesurada, mas segura, confiança infantil procurou um artesão, versado nessas coisas, que lhe resolveu a intrincada avaria e até o fez gratuitamente por lhe serem expostos os argumentos do pequeno.
Ao receber o seu “carrinho”, arranjado e como novo, o garoto disparou: “Vês, como foste capaz! Eu sabia. Tu és mãe e as mães sabem e podem tudo”.
Ainda hoje ninguém o desvia da ideia de que fora a mãe a autora do milagre de recompor o seu mimo.
Que bom seria conhecer que, sempre pela vida fora, os filhos confiam cegamente naquela que está vigilante e não desencanta o sentir dos seus pequenitos que se tornarão em tudo também adultos.