Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

PESCADORES DA VIDA


Religião: 2 

Quando saíste, Senhor Jesus, das águas correntes,

Sobre Ti, desceu o Espírito Santo, sem vaidade nem alarido,

E, aos que iniciaram vida nova em suas mentes,

Te revelaste o Messias Prometido.

Dirigiste Teu caminhar para o deserto

Do mundo caído na tristeza do pecado,

Pregando que o Reino de Deus estava perto;

E quem acreditasse seria perdoado.

Um povo que apodrecia nas trevas da morte,

Desiludido, já exangue e sem esperança,

Entregue aos desvarios da sua sorte,

Vê surgir o dia de renovar a confiança.

Tu mostraste seres Caminho, Vida e Luz

A desviar todo o homem da escuridão,

Pela renúncia e aceitação da Cruz,

Fonte de sofrimento, mas geradora de Redenção.
Não quiseste estar só, no apelo à Salvação;

Teu olhar seguro, penetrante e ameno,

Tocou com força a vontade e o coração

De alguém que descobriu, com espírito livre e sereno,

A riqueza, exigência e o compromisso da missão.

Passaste para as áridas e quentes areias,

Olhaste a enorme vastidão do mar,

O sangue correu, célere, em tuas veias,

Por um povo, também numeroso, a salvar.

Contemplaste homens e haveres bem parcos,

Prontos para a pesca da incerteza,

Sujeitos aos rigores e perigos da Natureza,

E convidaste-los a deixarem o tempo, redes e barcos.

E veio Pedro, homem indómito e pujante,

Tisnado pelo sol e habituado às andanças do mar,

Com vontade férrea e coragem ofegante

Pois, daí em diante, homens havia de pescar.

André não se quedou nas águas do descanso;

E avançou para a mesma caminhada.

Depois, mais à frente, Tiago e também João

Deixaram para trás uma tarefa começada

Seguindo-Te, Bom Jesus, pela áspera estrada,

Em busca de uma perdida e aturdida multidão.

Hoje, neste mar encapelado do nosso mundo,

Chamas homens e mulheres, e a mim

A aprender de Ti o sonho profundo

De lutar pelos direitos e deveres da verdade até ao fim.
Quantas vezes, Senhor, eu me agarrei aos meus haveres:

Ao tempo, à família, ao sossego ou à diversão;

Fechei meus ouvidos, meus olhos, meu coração;

Desprezei teu convite amoroso à liberdade

De entrega e ajuda à comunidade.
Perdoa minha apatia e negligência,

Meu desinteresse, preguiça e abandono;

Não me deixes perder na indolência

E Tua graça me desperte do profundo sono.

Quero hoje, agora e aqui, meu Bom Senhor,

Tomar o compromisso de ouvir Tua voz;

Vencer minha passividade e o egoísmo atroz,

Lançar as redes da vontade, da fé e do amor.


Manuel Armando