Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A MINHA HOMENAGEM À SOBERANIA DO POVO




ERA UMA VEZ 132 …
OU… A MINHA HOMENAGEM À SOBERANIA DO POVO

Entrar na casa dos cento e trinta e três anos
É lutar e vencer tempestades e desenganos,
Mostrar força, verdade e pujança,
Fugir dos desafios de uma vida mansa
E lançar-se, sem vergonha nem medo,
Na busca do homem que, bem cedo,
Se aperceberá da mentira ou da verdade
Que se experimenta nesta sociedade.
Levar notícias, anúncios e outra qualquer informação,
Partilhar angústias e dores de coração
Dos quantos esperam, em cada semana,
A ideia, a opinião e o sentido que a todos irmana,
No caminho de procura do saber e da paz,
Pelo mal que se evita e pelo bem que se faz.
Quando a escrita vence toda e qualquer solidão,
Pois quem escreve e quem lê se encontram em comunhão;
O perto se estende até bem longe,
Como a lonjura a tornar-se perto, na oração de um monge.

Sorrateiro, em silêncio mas, pressuroso,
Entra na porta do rico e na do pobre ansioso.
A uns levará grandes linhas de alegria,
Traçadas no esforço do espírito e da euforia;
Para outros, pelos saudáveis impulsos da sua natureza,
Será arma que vence a saudade e a tristeza.
Não seremos capazes de pesar os benefícios
Acarretados, tornando mais leves os ofícios,
Porque há partilha do saber, sentir e fazer
Da vida, em cada qual, um montão de prazer

A provecta idade, que ora celebramos, do nosso Jornal
É um peso que nunca lhe fará mal.
Vamos ampará-lo e libertá-lo de quaisquer danos,
E augurar-lhe, sinceramente, o “ad multos annos”.
Brindemos, por isso, desejando como sempre, e de novo,
Que nunca venha a faltar a “SOBERANIA… ao POVO”.


segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A SOLIDARIEDADE DOS MAIS PEQUENOS




ERA UMA VEZ…
ou... A SOLIDARIEDADE DOS
MAIS PEQUENOS



Não podemos deixar passar desapercebidos os episódios e tempos que envolvam crianças, sob pena de parecer não nos importarmos delas nem darmos conta da verdade e daqueles seus sentimentos lineares que nunca encobrem quaisquer subterfúgios ou auto-defesas, mas se apresentam com grande simplicidade e clareza. Os actos provindos da imaginação dos pequeninos são como as águas límpidas de um rio. Eles deixam ver o mais belo fundo do ser humano.
Jesus acautelava para o facto de alguém ousar escandalizar as crianças com palavras e em acções, ou as impedir de fazer as experiências positivas, numa aproximação a quem os galvaniza e ensina a realizar o bem em favor de tantas outras pessoas envolvidos nas maiores dificuldades (Cfr. Mc. 10/13-16).
Aquilo que os mais pequenos pensam, dizem-no e o que dizem, fazem-no e o que fazem é o que sentem ou experimentam por si mesmos, sofrendo na sua pele, muitas vezes por causa da maldade de homens e mulheres mais avançados na idade adulta e, ainda, pela injustiça das comunidades e suas instituições formalizadas.
Os adultos acusam os pequenitos porque são uns papagaios a repetirem tudo o que ouvem ou vêem. E, realmente, é verdade que traduzem tudo com muita propriedade, fidelidade e sinceridade.
“Ex parvulorum veritas”, (leia-se: “a voz dos pequenos fala mais alto”), diz o aforismo tradicional. O Livro dos Salmos, no Antigo Testamento, repete esta mesma afirmação e o próprio Jesus Cristo aproveitou a presença dos mais pequenos para assegurar que a Salvação está reservada aos que se tornem como eles, pois, de imediato e sem grandes dificuldades, descobrem onde se encontra a verdade e a justiça (Cfr. Mt. 18/1-4).
Quem há por aí capaz de impedir uma criança de subir ao armário a buscar o que estava bem escondido pelos maiores, pondo a descoberto a insensatez ou distracção de quem deveria estar mais avisado e consciente?!
Mesmo quando os gaiatos parecem estar somente embrenhados nos seus devaneios pueris e distraídos, logo saltam em socorro das suas coisas ou das pessoas mais amigas. Demonstram um espírito de solidariedade diferente dos adultos; mais acutilante, mais generoso e verdadeiro.


Todavia, corre-se o risco de se perder o exercício destes valores quando os seus maiores os desincentivam com palermices e ligeireza de atitudes ou conversas impensadas, em momentos tão importantes e cruciais como o é o seu crescimento para a vida activa e comunitária.
E o caso, agora, conta-se em dois pequenos parágrafos. Entre linhas, ficará o sumo que torna mais apetitosa a circunstância.
A pequena multidão vociferava, acusava, amesquinhava, destroçava, desdenhava, gritava animalescamente, subjugava a cabeça sob o olhar de quantos imaginavam ter poder de autoritarismo, remetia-se à cobardia e à maledicência, espumava infundados rancores e desejos de vingança por algo que não havia acontecido. Diga-se que era uma turba desvairada ou desmiolada.
No centro, um réu, sem advogado de defesa nem possibilidade de mobilizar testemunhas em seu favor, porque essas, as possíveis e sabedoras da verdade, também se passaram para o outro lado, ou não tivessem um emprego a defender, com poltronaria e medo de quaisquer represálias.
Mas, aquela criança, ciente da verdade, não podendo erguer a sua voz nem a sua pessoa, vence o embaraço da confusa multidão, vem junto da personagem ultrajada e ofendida e entrega-lhe todo o apoio de que pode dispor, naquele momento difícil e angustiante. “Toma, é para ti, não fiques triste; eu gosto muito de ti”, disse a criança, estendendo-lhe a mãozita e nela duas moedas de um cêntimo.
Perplexa, a vítima de toda aquela sanha raivosa, sentiu a coragem de quantos se apresentam indefesos mas que encontram grande força nos pequenos gestos dos mais humildes.
Podemos imaginar o resto.
Pela minha parte, quero dizer àquele petiz: “Obrigado pelo teu gesto de solidariedade. Gostava, eu também, de copiar a tua pureza, os teus sentimentos, a intuição pelo sofrimento de quem se vê, dolosamente, envolvido no meio de algozes, a tua atenção e o teu desejo de justiça para todos; no teu coração mora o sentido perfeito da verdade. Não o percas nunca”.

P. Manuel Armando