Quem poderia resistir, não a um pedido mas ao convite?
Entendamo-nos. O primeiro termo carrega em si uma dose de subserviência, um servilismo camuflado, enquanto o segundo, convite, traz consigo o sentido de aproximação, convivência com pessoas, coisas e modos de ser, anseios e projectos.
Por isto, repito, como deveria recusar o convite de enfiar mais alguma lenha na fogueira de onde pode sair, bem assado e fumegante, aquele bichinho que é o deleite de tanta gente que o degusta com elevado prazer, quase até só, pelo aroma que exala e o gosto que despoleta.
Não sei fazer cozinhado, rigorosamente, nenhum. Todavia, vou apreciando o que outros confeccionam. Nessa razão, a minha forma pessoal de falar do assunto de assaduras e quejandos pode não ser a mais correcta, mas expressará o desejo de me esclarecer como simples leigo que sou, em tal matéria.
O tema, aqui versado, faz-me recuar uns bons pares de anos atrás, à simplicidade da aldeia, aquando se ”esfogueiravam” as panelas, numa lareira, ou se introduziam as travessas e caçarolas de barro, pretas que nem chamiços, num forno para, daí saírem iguarias de sabor delicioso a fazer inveja e criar apetite aos próprios anjos.
Eu, que não sou um amante de “pizzas” (parecem-me pedaços de plástico, acabado de sair dos altos fornos, maleável enquanto aquecido, mas logo endurecido e intragável), lembro-me de ter entrado na pequena cozinha duma aldeia etrusca, em Itália, e saboreado uma dessas coisas que, composta à vista de toda a gente, entrava na fornalha com brasas incandescentes e de lá saía como uma verdadeira delícia. Também comi.
Os meios eléctricos modernos, digo eu, retirarão uma percentagem razoável das propriedades no assar do leitão e podem, até, atiçar chispa mortífera entre concorrentes.
Será mais rápida e rentável tal forma de feitura?
Prefiro meter achas para brasas e não ser ofuscado por raios nem reconhecer que há choques radioactivos que matam muitas causas boas.
E, por agora, meia palavra basta.
Manuel Armando