Penoso é o desprendimento da vida,
Nas suas coisas, êxitos e alegrias,
Do aconchego duma família sentida
No doce convívio de todos os dias.
Desprender
Não é morrer
É olhar mais além
Para Quem
Chama a uma causa maior
E compensa com o infinito amor.
Deixar pai, mãe e mais o que seja,
É pegar na coragem duma Cruz,
Seguir o cativante Jesus
E encontrar tudo quanto se deseja.
Procurar a felicidade escondida
No coração amoroso de Cristo,
Buscar a bonança perdida
Pelo pecado da ganância,
Da dúvida e petulância
Do bem que, jamais, eu conquisto.
Penso ganhar o mundo todo,
Sem esforço de renúncia ou trabalho;
Mergulho no vazio e lodo
Da vaidade que me esconde quanto valho.
Mas, vencidas as torpezas de pecador,
Por vontade de me entregar ao Senhor,
Correrei, por entre os povos,
Anunciando os projectos novos
Da Graça e da Salvação
A todo o homem, meu amigo,
Faminto, mendigo
E meu irmão.
Serei mensageiro
Da concórdia e da paz;
Quero levar na minha sacola
O que recebi, por esmola;
Não o vil dinheiro
Mas a tranquilidade e alegria
Que, no decurso do meu dia,
Tu, Senhor, sempre me dás.
É uma palavra simples de carinho,
Um copo de água fresca que mata a sede,
A companhia, no áspero e longo caminho,
Para quem, mesmo em silêncio, me pede
O naco da vida e desprendimento.
Com o olhar bem firme na árvore da Cruz,
Sei que não perco a justa recompensa
Da alegria imensa
Por me encontrar no seguimento
Das pegadas de Jesus.
Manuel Armando
(Reflexão para o 13º Domingo Comum – Ano A)
(Mt. 10, 37-42)