É comum, no decorrer dos tempos da história
humana, para todos os quadrantes das actividades e ideias, tanto sociais como
políticas ou, sobremaneira, na perspectiva dos credos religiosos e de fé, haver
soçobros e crises reais e também aparentes.
Nessas circunstâncias e períodos não deixam
de aparecer os pregoeiros, profetas da desgraça e calamidades catastróficas,
pretendendo abalar os alicerces de tudo, até daquilo que não se funda em meras
bases materiais pois possui uma raiz de e para a eternidade.
Promovem-se, desabridamente, os temores e
pânicos sobre tudo quanto pertence a um âmbito desconhecido esotérico.
A falta de reflexão calma e prudente terá,
na realidade, consequências inesperadas, sem razão, inadequadas e
extemporâneas.
Aqui surgem, vindos de todos os cantos,
alguns orquestradores de promessas, veiculando esperanças esvaziadas.
As crises agudizam-se quando os agentes
responsáveis comprometidos, mas acomodados, se deixam adormecer no embalo da
sereia.
Aí é fácil “prever” a derrocada e fim de
uma época de ideais e certezas que passarão para o rol dos desesperos ou
facilitismos.
Há dias atrás, fazia parte das agendas
noticiosas a declaração bombástica da diminuição ameaçadora do número de
católicos no país. Logo de levantaram contadores de histórias desagradáveis do
terror, arautos do infortúnio e ruína final.
Ora, quando se faz depender a eficácia da
acção dos números mais ou menos dilatados, o teor e força da graça salvífica
deixará de produzir frutos de Salvação. O certo é que Cristo veio tornar-Se um
de nós para congregar todos os homens, sem diferenciação sobre ninguém, num só
redil, conduzido por Si, como único Pastor. A Sua presença é a única Verdade
com garantia insofismável.
Também é urgente, e convém, nós
não deixarmos o alarme ensurdecer-nos mas que faça acordar as consciências para
a efemeridade dos bens procurados e dos deuses que se forjam consoante os
interesses da época e do sector sociológico. Porque isso arrasta consigo uma
avalanche de lugares-comuns sem profundidade e criadores de sonhos e
desilusões.
Os ídolos sustentados no dinheiro, sexo,
poder, prestígio, posições empresariais cimeiras, beleza, vida fácil e
descomprometida, conduzirão inevitavelmente à negligência da procura dos
valores essenciais, como o são a personalidade e a alma.
Quando se despromove a família, em si
mesma, no seio da qual deveriam vigorar o respeito e a comunhão fundamentados
nos alicerces de Deus, a outra família, chamada Igreja, parece desmoronar-se sem
ajuda nem apelo.
Contudo, soe dizer-se, a esperança será a
última coisa a ser vencida e, sabendo-se que essa mesma Igreja tem a sua razão
de existir na sobrenaturalidade, não vai temer-se qualquer derrocada na
essência. Pensamos, isso sim, que há católicos, de tradições, a mais e cristãos
a menos. O epíteto nada importará mas subentende-se o compromisso, o
empenhamento e a convicção pessoal interior de que “sem Mim nada podeis fazer” (Jo.15,5).
Num mundo frívolo e de facilidades, a
qualidade há-de superiorizar-se à quantidade.
Ele, o mundo dos homens (católicos), pode querer entrar em
trevas, mas o Cristo continuará a revelar-Se como a imprescindível Luz
verdadeira.
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