Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

terça-feira, 15 de março de 2011

PEREGRINAR, SUBINDO…

         Olho o cimo da montanha,
         Temo a íngreme e difícil escalada;
         Reconheço, porém, que a felicidade se ganha
         Só na força da fé bem firmada
         Em vida coerente e alicerçada,
         Com o desapego e verdadeiro assentimento,
         Na escuta humilde e pronta à chamada
         Que Deus nos lança, a qualquer momento.

         Cada primeiro passo é sempre penoso
         Quando desconhecemos em nós uma vocação
         Ao desprendimento do egoísmo fogoso
         Que abafa todo o amor do nosso coração.

         Vamos subir até ao cume do agreste monte,
         Onde Deus semeou, em plenitude, a esperança
         Pois aí plantou Ele uma vinha e construiu a fonte
         Da alegria, bem-estar e segurança.
         No seu seio encontramos, depois da tempestade,
         A grandeza e o esplendor, na verdade
         Da bonança.

         Bom é contemplar o Senhor
         Na simplicidade e alvura do Seu olhar
         Transfigurando a riqueza do amor
         Que, radiante, nos acolhe e quer salvar.

         Após uma caminhada na dura subida,
         Diante desse Senhor que irradia Sua luz
         Encontramos o sentido pleno desta vida
         Por que se trabalha e trava a luta renhida
         Abraçando com entusiasmo nossa cruz.

         Descemos, portanto, para a faina de todos os dias
         Ao sabor de ventos e tempestades traiçoeiras,
         Nesta terra desumana de fantasias
         Que exige nosso testemunho nas canseiras
         Da busca de felicidade e pão
         Semeado e colhido em pedregoso chão.

         Somos peregrinos dum mundo infiel e agreste,
         Padecemos cumprindo nossa missão
         Á conquista da serenidade celeste
         Com Cristo, em perfeita e eterna comunhão.

         Não me deixes, Senhor, confundir por distracção
         Os bens efémeros postos a meu lado;
         Perdoa o comodismo do meu pecado
         E dá-me a graça do teu perdão;
         Pois, em Ti, quero abraçar a paz da Salvação.


                                                                       Manuel Armando

             (Reflexão para o 2º Domingo da Quaresma, Ano A)

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