Num grande silêncio entendo uma voz
Que me interpela bem muito baixinho,
E, afinal, não só a mim, mas a todos nós,
Fazendo-nos parar no meio do caminho
Para perguntar com autoridade e firmeza:
- “Quem dizeis que Eu sou?”
O mundo começa a girar à nossa volta;
E pessoalmente, errando na incerteza,
Já não sei para onde vou
Nem que resposta hei-de dar;
A minha fantasia anda de rédea solta,
Mas, a solução ela não a consegue encontrar.
É o Mestre quem me põe a questão;
Fico a sofrer,
Por eu não saber
Como responder
A semelhante indagação.
Escondo-me por detrás do meu irmão,
Opto pelas respostas alheias,
Pois mais fáceis se tornam as palavras meias
Do que abrir, de par em par, o coração.
Reconhecer a verdade
É comprometer,
Na totalidade,
A vontade
Do nosso saber.
Frágil será a natureza humana
Que só olha as coisas da matéria
Da vida passageira e mundana,
Mergulhada em sentimentos ocos de miséria.
O apelo do Senhor aponta para mais além,
Espevitando as mentes adormecidas
No marasmo preguiçoso de gentes convencidas
E faz abanar a consciência da fé, como convém.
A carne e o sangue são simples natureza;
E, tantas vezes, indiferente ao tempo que passa
Fecha-se, orgulhosa, impenetrável aos dons da Graça
Sem atender à condição da sua fraqueza.
Ao homem débil e pecador
Revela-Se o Senhor
Não como um grande da terra
Mas O que veio fazer guerra
Contra a peste do pecado,
Vencer as portas do Inferno,
Chamar para o amor eterno
Quem aceitou ser regenerado.
Seremos sempre o povo em Igreja,
Caminhando firmes na fé profunda,
Com vida abundante que nos inunda,
Escolhido pela força benfazeja
Do Cristo, Filho de Deus
E nosso irmão
Que, por Sua morte, trouxe aos seus
A Redenção.
Cristo que o Pai revelou
Em amor,
E, na dor
O entregou,
Para todos é amigo e irmão.
Por fim, na Cruz,
Esse Jesus
Incendiou fogo e abriu a luz
Da Salvação.
Manuel Armando
(Reflexão para o 21º Domingo Comum, Ano A)
(Mt.16, 13-20)
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