FANTASIA DE VERÃO
Não quero acusar-te, ó mar,
Se me invadem temor e insegurança
Mas, quando ouço teu rumorejar,
Perco a confiança
Nos meus próprios passos
E desconfio se os nossos laços,
Algum dia, vamos reatar.
Nas tuas ondas alterosas
Só as almas corajosas
Poderão sentir-se seguras
E, nas batalhas mais duras,
Colher vitórias e rosas,
Como quem dança nas alturas.
Nessas águas revoltas,
Abrem-se as velas e, soltas,
Aventuram-se à tempestade
Do teu rugir, para mim, medonho
Que, para lá, leva o sonho
E, até nós, traz a saudade.
Amargos salpicos me cobrem o
rosto
E fazem meus olhos, de tremor,
chorar
Pelos que voam na bravura do
vento,
Embriagados de mitos, sem intento
Nem vontade de parar.
Amarfanhado no salgado do meu
gosto,
Baloiço-me nas asas da maresia.
Transportam-me a imaginação e
fantasia
Até àquela suspeitosa vida,
Infindável e desconhecida,
Do teu outro lado, ó mar.
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