SOMBRAS
Sigo, voltando as costas à luz,
E acosso, nervoso, minha sombra
fugidia
Que jamais poderei alcançar.
Torna-se árduo e pesado o meu
caminhar.
Espero, confiante, a hora mais
tardia,
E, enquanto quase tudo se desfaz,
Pego uma outra cruz,
Para mim, sinal de paz.
Quando renasce a vida em cada
manhã,
Viro para o sol meus olhos
despertos.
Então, minha sombra se projecta
para trás
E me diz que não há existência
vã
Se apoiada nos passos sempre
certos
No caminho do quanto de bem se
faz.
Chega o pino do meio-dia.
No seu pico, o sol vai
confundir
A minha sombra e o meu eu.
Se olho o chão da nostalgia,
Corro o risco de, trémulo,
fugir
Sem ver, na terra, espelhado o
Céu.
Desanimado, serei sombra de mim
mesmo,
Prostrado no buraco onde
ninguém
Ousará perguntar-me por que caí,
Pois não darei respostas a
esmo,
Sem o sentido que a vida contém
Para qualquer pessoa a vaguear
por aqui.
Mas, afinal, o sol robustece meu
existir,
Como sombra precedendo o
Amor
De um nosso Deus, Pai e Criador,
Que se propõe fazer sumir
A prosápia de quem ostenta a vaidade
Da figura à qual o sol faz
arder
Até ao nada inane de
verdade,
Onde jamais alguém quererá
perecer.
Ou projectamos a Pessoa do nosso
Deus
Numa existência luminosa e
fecundante
Com sua meta ainda muito
distante,
Ou, então, perderemos o rumo dos
Céus,
Acabando como sombra apagada num
instante.
Outono de 2013
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