“Olho por olho, dente por dente”;
É ordem injusta, pesada e desumana
Mas, quem isso esquece não é de boa gente,
Como atesta o insensato no ódio que sente
Porque a ninguém ama e a si mesmo se engana.
Num mundo de egoísmo e traição,
Onde não se dá lugar ao direito e à fraternidade,
O homem avilta-se e, cego na sua paixão,
Espezinha seu semelhante com severa crueldade.
Alguém, despojado de saúde, agasalho e pão,
Carrega nos seus ombros o peso da dor,
Chora o abandono e o ónus da solidão
De uma pobre vida, sem luz nem calor.
Quão difícil e penoso é, assim, calar a injustiça
De quem todos os bens quer abraçar,
À custa do sustento alheio que, na liça,
O pobre obtém no seu muito trabalhar.
Como é custoso ter de perdoar
Ou pelos perseguidores rezar.
E, ainda, se isso nos trouxesse a certeza
De agirmos com inteira firmeza,
Então, Senhor, iríamos sempre cantar
Tua graça encorajante, Teu amor;
E a verdade do nosso valor
Seria fazer o bem sem nada, em troca, esperar.
Em cada irmão veja eu o Teu rosto,
Na chamada à grandeza da perfeição;
Eternamente grato por teres posto
Diante de mim e de todos o perdão,
Pelo qual chegamos a Deus Pai
Com o grande amor que, do coração, nos sai
E nos haverá de levar à Salvação.
Por isso continua, Senhor, a ensinar cada um de nós
A ouvir, tranquilos e felizes, Tua voz.
Confiamos nos dons da Tua bondade;
Queremos experimentar, no nosso dia a dia,
O desprendimento e a humildade,
Nossa entrega e disponibilidade.
Porque somos Templos do Espírito da paz e alegria.
Manuel Armando
(Reflexão para o 7º Domingo do Tempo Comum, Ano – A)
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