Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

DEUS E O SEU REINO

Diante de nós, dois senhores:
Um, tirano, prepotente e escravizador;
O outro, na intimidade e no amor,
A emprestar-nos seus augustos favores
De nos libertar da ambição e cobiça
E revestir-nos com as armas da justiça.
Um a prometer a satisfação ao mundo inteiro
Porque só ele comanda o humano interesseiro;
O outro a propôr uma diferente felicidade,
Construída na paz e fraternidade.

Preocupado com o interesse das coisas banais,
Corre o indivíduo, por esse mundo além,
Em fúria, sem atender aos valores principais
Da vida, construída na simplicidade também.
Como louco, busca o seu bem-estar terreno
E deixa de lado o descanso, louvor e oração,
Não escuta o convite de tornar-se pequeno
Para, na humildade, encontrar a Salvação.

Ao filho desprendido e vigilante
Dá o Pai sempre o pão em abundância,
Mas ao inútil, ocioso e arrogante
Pune, com severidade e rectidão, sua ganância.

Só Deus nos pode e vai julgar
Pelo que fazemos dos bens a nós confiados,
No tempo e espaço que nos quis dar
E onde o trabalho, aceite, redime nossos pecados.

É-nos proposto o voluntário desprendimento
Dos haveres terrenos e passageiros:
O que iremos vestir ou tomar como alimento,
Pois o Pai Celeste cuidará de nós,
E aqueles que escutarem sua voz,
No reino da felicidade, serão os primeiros.

Crescem os lírios do campo, em liberdade,
Voam as aves, pelos céus, com desenvoltura;
Deus fá-los crescer com a infinita bondade
Pois, Ele Criador, ama a sua criatura.

Anda o homem, pressuroso, em constante correria
Na busca do alimento que passa,
Da riqueza que cega e torna sua alegria
Falsa, oca, passageira e sem graça.

Ninguém pode servir, no mesmo momento,
A dois senhores que estão diante de nós.
Deus dá-nos Sua Vida, Amor e sustento,
O dinheiro escraviza porque é feroz.

Aqui, reconheço a minha dúvida e fraqueza,
Mas, no Espírito de Deus, encontrarei a certeza.

Que eu Te sirva, então, Senhor, com a verdade,
E à riqueza não me sujeite inutilmente.
Ponho nas Tuas mãos a minha fragilidade,
Pois sei que me olhas e amas docemente.

Manuel Armando
(Reflexão para o 8º Domingo do Tempo Comum, Ano A)

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