Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

sexta-feira, 16 de agosto de 2013


 

    LIBERDADE, NA DEMOCRACIA

 

    Ainda não entendo, hoje, o que será isso de democracia, mesmo passados tantos momentos altos, durante os quais muitos vultos da máquina governativa, sindical, empresarial, judicial e quejandos a pregam, aos quatro ventos.

    Todos fazem dela a base cimentada dos seus discursos e escritos. Todavia, eu devo ser casca-grossa para não perceber, por mais que me esforce, semelhante conceito. Certamente por ser uma pessoa mais prática que teórica. Comportar-me-ei tal qual uma criança quando procura conhecer o seu brinquedo, fazendo-o de forma positivista, ao desmanchá-lo inteiramente nas suas peças, até às mais diminutas, ainda que depois não seja capaz de encaixar tudo no seu devido sítio. Mas, pelo menos, desfazendo, aprendeu como tudo era por dentro.

    Não consigo desmontar o conceito das peças democráticas pois também não se deixam manusear com facilidade.

    Assim desconheço se democracia significa mandarem todos e ninguém obedecer, pagarem alguns para outros, alguns, gozarem os dias da vida sem dores de cabeça; se democracia é mandar um sobre o resto da comunidade ou ainda desobedecerem todos a alguém que não manda nem governa.

    Estes e demais caminhos entrelaçaram-se numa barafunda completa por tal ideia ter sido confundida com o exercício da liberdade quando esta, em contra-partida, deflagrou como libertinagem em todos os quadrantes da actuação humana, agitada nas mentes impreparadas e completamente desconhecedoras do que sucedia, antes.

    Sou do tempo da liberdade na sua amplitude autêntica que sabia delimitar o espaço pessoal próprio, em relação à propriedade e direito do outro indivíduo.

    Nasci na época da verdadeira democracia, iniciada e experimentada no seio familiar, onde tudo era organizado, hierarquizado e respeitado de modo que, quando soasse o assobio do pai de família, disparado na parada, isso bastaria para todos voltarem aos seus lugares a retomarem as respectivas e pessoais funções na caserna onde crepitava o fogo do amor e cooperação animada e na boa ordem em tudo.

    Nesse tempo, estava subjacente a todas as acções, familiares e comunitárias, um laivo de teocracia.

    Hoje, porém, as coisas e as pessoas desvirtuam-se na promoção da democracia que se vai tornando demonocracia, ou antes, demoniocracia numa abundância de deformações, bases das invectivas de homem contra homem, ambos faiscando lume de raiva, ganância e desrespeito recíproco, com agressões sem limites.

    Significará que, no desenrolar do tempo, tudo se vai agudizando porquanto a barbárie dos nossos dias poderá parecer regredir-se, de modo inapelável, ao modo de viver dos trogloditas ou a uma sociedade sem regras em que não há ninguém a obedecer porque, aliás, não haverá alguém capaz de saber orientar.

    Em suma, vai chegar o regabofe total.

    Então sim, iremos todos perceber o que seja a democracia, experimentada na liberdade, ou a liberdade conspurcada pela democracia.

 

                                                                               

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