Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

sexta-feira, 16 de agosto de 2013


 
    IDEAIS DE IDEIAS
 
    Muitas vezes eu tenho ouvido dizer que o mundo se equilibra pela multiplicidade de ideias diferentes, dumas e doutras pessoas. Contudo, ainda não descobri, ao certo, se tal asserção é assim uma verdade insofismável. Para mim parece não o ser, porque observo as desavenças constantes como fruto dos modos de ver diversos. Cada indivíduo se põe em bicos de pés para defender a maneira peculiar de entender os assuntos, não aceitando que a sua verdade seja de menos qualidade ou importância do que a do antagonista.
    Daí à discussão e altercação é um ápice. E tudo pode redundar em guerra interminável que não traz benefícios de espécie alguma para ninguém.
    Mesmo assim, deverá admitir-se a capacidade para o mínimo consenso se os contendores baixarem, cada um, a sua voz, confrontando mutuamente vias de acção, no propósito de se encontrarem a meio e aproveitar o que há de positivo e útil em ambas as partes.
    É evidente que, aqui, se subentende uma dose de humildade, responsabilidade e bom senso.
    Difícil este caminho? Possível se, porventura, um por um, procurar construir a sua personalidade na certeza e consciência de não saber tanto que não possa aprender mais dos outros, nem ser tão pobre que não consiga partilhar algo de si com o seu opositor.
    Uma boa gerência de governação surgirá dessa conjugação de pareceres, sempre enriquecidos pela cultura e reconhecimento por algum sentido de insuficiência ou pequenez pessoal.
    Todavia, em todos os dias, se assiste ao espraiarem-se tons e modos de conduta apresentados, supostamente, como os mais válidos e necessários na orientação de associações, agremiações e clubes.
    Aqui, estou mesmo a cismar sobre um dado sociológico curioso. Nunca, em parte nenhuma, alguém estará confortável com os meios e modos de conduzir-se a política. Deveria ser uma procura séria e adequada da boa saúde para a cidade, sociedade humana.
    Mas, como tal parece não acontecer, surgem sempre os comentadores de tudo e de nada, “diplomados” contratados pelos diversos meios de comunicação a parlengarem sobre todos os assuntos onde existirão possíveis erros atinentes, apontando caminhos seguros (na sua imaginação, claro), para a solução do bem-estar das comunidades. E, mesmo entre estes, há uma discrepância de idealismos o que acarreta, desde logo, a desilusão ou desconfiança quanto a melhores dias.
    Estou, neste momento, a pensar em opinar a escolha de todos esses comentadores, críticos de quaisquer sistemas e leis, porque imersos numa “sabedoria inegável”, para ocuparem os lugares de governo da nação, mesmo sem se sujeitarem a quaisquer sufrágios populares. Por que não?
    Apesar de tudo, uma dúvida e um receio agora me assaltam, pois fico a recordar-me dum facto da minha meninice.
    Havia, lá na aldeia onde nasci e cresci, um operário metalúrgico que, só porque lia, algumas vezes, o Jornal desportivo, foi oficial e unanimemente, pelo populacho, considerado e escolhido como técnico treinador do clube de futebol da terra.
    E o resultado?…
    Só, no final de cada prélio realizado, se dava conta das desilusões, por semelhante e desastrosa opção tomada.

 

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