Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

domingo, 23 de agosto de 2009

“VADE RETRO, SATANA”!


ERA UMA VEZ…
Ou “VADE RETRO, SATANA”!

Ando, deveras, perturbado e, até, incomodado. Uma apreensão invade-me o mais íntimo da alma, pois sou levado, tanto quanto outras gentes, nos ventos das notícias tão negativas como misteriosas.
Em cada época, quando ainda não se tem esquecido uma atoarda qualquer, já outra está a assomar na esquina da rua. Isto sucessivamente. E tal acontece tanto alertando com a verdade, como desviando as atenções da verdade que interessa ficar no anonimato.
É natural, pois todos precisam de estar ocupados com alguma coisa. Os meios de comunicação necessitam do pão para a boca. E, também, eles têm as suas marés altas e baixas como os demais ramos da actividade humana.
Todavia, quando a melga passa e traz, nas asas, boas ou más novidades logo se espera o tumulto das multidões e a azáfama empresarial os quais se empertigam em bicos de pés; fazem contas e esquadrinham quais os mais sensíveis e onde encontram para aí colocarem os seus novos produtos.
Mesmo assim sendo, o que nos consola ou, pelo menos, ameniza a dor geral é termos a esperança que a cura está na farmácia, ali ao fundo da aldeia. Pode aguardar-se meses pela consulta, mas os comprimiditos não demorarão tanto.
Porém, não nos assiste a razão de andarmos distraídos e sem atendermos ao cuidado da prevenção. Não nos faltam, felizmente, entidades, associações e outros numerosíssimos agentes a avisarem-nos a cada minuto. Ninguém pode alegar um desconhecimento das circunstâncias e regras a utilizar.
Em sítio nenhum haverá alguém a ignorar o perigo de uma gripe que avança sem respeitar fronteiras nem economias.
Há, portanto, que permanecer de atalaia permanente e espreitar pela janela e tentar dar conta do instante em que, ainda, a nós baterá à porta.
As crianças e os adultos que se cuidem. Lavem as mãos sempre que as queiram usar para tudo e mais alguma coisa, ponham luvas e máscaras e, se tossirem ou espirrarem, direccionem-se a favor do vento.
Com tudo isto ainda não me expliquei sobre os meus receios que creio fundados.

É que ERA UMA VEZ… ou, melhor, há umas semanas atrás recebi, tanto como outros meus irmãos de missão, uma quase ordem para que se evitassem comunhões na boca, abraços de paz e outras diversas manifestações. Aqui se funda o meu medo. Temo por que nenhum candidato a altos cargos políticos, em ordem aos quais cerra os dentes, assim, possa angariar os votos necessários pois sabe, de certeza, que não deve contaminar ninguém com a pandemia dos beijos habituais, como em idênticas situações anteriores.
Ou, então, munam-se do sabão, de preferência amarelo, para as abluções frequentes exigidas. De contrário, não serão coerentes. Se “pedem” pausa nos gestos cristãos e urbanos, porque obrigam os possíveis pobres eleitores a “aceitarem” as suas carícias?
Quanto a mim, cuidado, não tentem cumprimentar nem beijar. Este pedido é para todos os quadrantes, quer surjam da esquerda, da direita, do centro, dos blocos habitacionais ou dos coloridos, republicanos ou reais… “Vade retro, Satana !”, porque eu, já há muito, também não admiro a máscara de alguns.


P. Manuel Armando

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