Tantos são os ombros sobrecarregados,
Arqueando ao peso mais duro
Da incerteza dos frutos desejados
Com os olhos na esperança fixados
Mas, desconhecendo cada qual o seu futuro.
Diante da vontade, a dúvida e a amargura
Duma vida frágil e severa,
Transportando o jugo pesado
Que, levado
Com bravura,
Dá à vida maior brandura
E a torna menos austera.
É a Cruz abraçada,
Partilhada
Em grandeza de redenção,
Com o Senhor que vela por nós
E faz ouvir sua voz
De perdão.
Na longa e espinhosa caminhada
Quem sofre fará levantar o grito
Do seu viver aflito;
E o Senhor, solícito, abraça
Com grande e afectuoso carinho,
Em cada momento que passa,
Todos quantos O esperam no caminho.
Não há próximo e, tão-pouco, estrangeiro;
No coração de Deus todos têm acolhimento.
O pobre, o rico, o último ou o primeiro,
O miserável, sem saúde nem dinheiro,
Encontram Nele a força, alegria e alento.
Nova caminhada,
Vida transformada,
Quando ninguém é despedido sem esperança.
Todos recuperam o alimento da confiança
Em Cristo que, no Seu Pão,
Robustece o homem fraco e sem calor,
Envolve-o com o manto de amor
E lhe franqueia uma porta de Redenção.
Não haverá ovelha perdida
Que o Senhor deixe de procurar,
No deserto da solidão;
E, por isso, de mão estendida,
Lhe aponta ditosa vida
Com todos em comunhão.
Quem se encontra de fora
Seja bem acolhido
Por quantos temos o sentido
Da graça salvadora.
Senhor Jesus, que cuidas de todos nós,
Alivia a tormentosa dor
Daquele que escuta e crê na Tua voz;
Porque em angustiado clamor,
Num mundo que corre veloz,
Implora Teu altíssimo favor
Pois se reconhece humilde e pecador.
Manuel Armando
(Reflexão para o 20º Domingo do Tempo Comum, Ano A)
(Mt.15,21-28)
Sem comentários:
Enviar um comentário