Como criança, no momento da partida
Do ser amado que se ausenta,
A alma, sem esperança e confundida
No tumulto e ganância da vida,
Arroja-se aos pés da sereia que a tenta
Em tom de derrota pela dor sofrida.
Cansados e pensativos por tanto labutar,
De pés esfacelados nas pedras do caminho
Da jornada áspera e longa para enfrentar,
Ouvimos sempre com vigor, mas baixinho,
Alguém que nos segreda com muito carinho:
“Não tenhais medo, não vos deixarei sós
Porque vim ao mundo por todos vós.
Se Me amardes guardareis os meus mandamentos
E, no meio dos maiores tormentos,
Estarei convosco em espírito e verdade,
Sereis meus agentes e testemunhas da caridade
Neste mundo agreste e de pecado
Onde cada um, pelo Pai, é amado
E chamado
À felicidade.”
Quero acreditar, Senhor, na Tua promessa;
Sei que nunca enganas nem atraiçoas
O Homem a quem abençoas,
Na sinceridade da fé que professa.
Vais para o Pai, mas não Te dizemos adeus,
Pois estarás sempre presente
Na vida daquele que, penitente,
Implora a misericórdia dos Céus
Donde será enviado o Espírito Consolador,
Como fonte a jorrar o infinito amor.
Recobramos, pois, o sentir da criança
A quem do coração um grito lhe sai
Porque viu recompensada a esperança
Quando, no enlevo da certeza, encontrou o Pai.
A nós sempre Te revelas em cada dia
Nos pequenos gestos de amor;
Inundas as almas com a alegria
De lhes dares um Defensor.
Por isso Te seguimos e cantamos com ardor:
Que todos, em tudo, te louvem, Senhor.
(Reflexão para o 6º Domingo da Páscoa, Ano A)
Sem comentários:
Enviar um comentário