CARPINTEIRO, MAS PROFETA
Se não fosses Tu quem és
Mas o que somos, cada um de
nós,
Terias deixado tudo a
perder
Porque Te olharam de revés,
Negaram a verdade da Tua
voz
E não Te quiseram entender
Como arauto da paz e
amor,
Filho de Deus, Pai e Senhor.
Criados humanos, não
aceitamos
Nem toleramos
Dúvidas, sarcasmos e
ironia
Sobre quanto sabemos
E fazemos
No dia-a-dia.
Mas, Tu fechaste os ouvidos
A tanto dito e desdém;
Tinhas na Tua frente,
Em atenção permanente,
Os corações frouxos e sofridos,
Como a indiferença dos
homens, também.
Quem tudo tem, não sente a
fome
Do alimento que, gratuitamente, lhe é
dado;
Recusa a Verdade e não come
O Pão da Palavra pois, no
orgulho obcecado,
Quer ignorar a divina
riqueza
Duma libertação
oferecida,
Por misericórdia e amor caída,
Na sua mesa.
Mas o Cristo da bondade
infinita
Não Se irrita.
Passa com serenidade e, mais
à frente,
Vai revelar-Se a outra
gente,
Cumprindo Sua consciente
missão
De a todos libertar
Para salvar
Do pecado e escravidão.
Veio para os seus e estes
fecharam portas,
Preferiram as trevas à
luz;
Seus olhares, faiscando em
horas mortas,
Tornavam mais árduos os
caminhos
Cravando, pela inveja, duros
espinhos
Na tarefa de Jesus.
Os grandes senhores do
povoado
Quiseram silenciar Sua
voz
Mas o povo, carente e
abandonado
À sorte madrasta e atroz,
Correu pela secura do
descampado
Em busca de curas e
prodígios,
Como verdadeiros
vestígios
Contra a negrura do
pecado
Duma sociedade
Que, mergulhada na
inutilidade,
Onde o Senhor, semeando a
Vida,
Propunha espinhosa
subida,
Ela espalhava a
incredulidade.
Jesus, tido como o “filho do
carpinteiro”,
Veio desvendar ao mundo
inteiro
Ser Ele próprio o Profeta e a
Verdade
Pois, iluminando
consciências duvidosas,
Conduz, por sendas ásperas e
sinuosas,
Rumo à eternidade,
Onde o Homem frágil e
pecador
Atingirá seu pleno valor
Na expressão eterna do Amor.
(14º
Domingo do Tempo Comum, Ano B. Mc.6,1-6)
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