Quem tem ouvidos ouça e atenda
O recado que a todos a vida traz.
Prepare-se cada um para a luta tremenda
Neste mundo alucinado,
A afogar-se no pecado
Porque despreza a sabedoria e força da paz.
Na terra é lançada a boa semente
Da Graça salvadora;
Recebida pelo coração generoso e temente
Duma alma acolhedora,
Produz frutos de eternidade,
Vence, no silêncio, a impiedade
E adoça a existência sofredora
Desta Humanidade
Pecadora.
Minúsculo e indefeso é o grão
Que, mergulhado no seio quente da terra,
Se tornará, depois, um saboroso pão,
Alimento fortificante que encerra
O sinal do trabalho e da humana comunhão.
Mas, numa noite escura, porque sem luz,
Enquanto parece germinar o trigo
Vem, sorrateiro, o inimigo
Com a cizânia escondida na mão,
Linda na sua flor que seduz,
Espalhar a desordem e confusão.
Daí e, logo de manhã ainda cedo,
A vida do agricultor virou desilusão
Pois alguém, sem temor e em segredo,
Tornara o trabalho inútil e azedo
E conspurcara seu gostoso pão.
Não se inquieta e detém a esperança
De recobrar tanto esforço e canseira
Com paciência e firme perseverança,
Pois o mal não correrá na vida inteira.
Criado o mundo na perfeição e beleza,
Dá ao Homem uma vida terna e feliz.
Porém, livre na sua carnal natureza,
Ele não escuta o Criador quando lhe diz:
“De tudo podes comer e saborear
Mas não o fruto da árvore do jardim
Revelador e prova do bem e do mal”.
A desobediência foi desvio fatal
E a humanidade
Perdeu a gratuita felicidade,
Tornou-se triste, doente e mortal.
Crescem, agora, lado a lado,
A inocência e o pecado,
Mas o Senhor, na Sua infinita ternura,
Dá a qualquer criatura
Força e meios de vencer;
Abre-lhe os olhos
Para escolher,
Entre os abrolhos,
Os frutos da Verdadeira Vida
Que, escondida
Na Sua Paciência,
Espera a colheita do último dia
E, com eterna Sabedoria,
A Infinita Omnipotência
Fará a recolha e separação.
E, assim, a maldade renitente,
Queimada na chama ardente
Do Espírito Consolador,
Conhece, na energia do amor,
Sua condenação.
Mas o grão, passando vida espinhosa,
Tornou-se planta mimosa
A produzir fruto abundante
E é, no mundo, o fecundante
Da Verdade e Redenção.
O Senhor inspira ao Homem o cuidado
De escutar o chamamento
Para vencer o pecado,
Aguardando o eterno momento
Da Salvação.
Manuel Armando
(Reflexão para o 16º Domingo do Tempo Comum, Ano A)
(Mt. 13, 24-43)
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