Quem sou

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Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

segunda-feira, 2 de maio de 2011

QUERO BEIJAR TUAS MÃOS

         Mãe, quero beijar as tuas mãos enrugadas,
         E agradecer todos os teus trabalhos.
         Nas suas veias correm as horas passadas
         Em sacrifício de caminhos e atalhos
         Da vida, com renúncias e canseiras,
         Nos instantes de cada dia e momento.
         Nunca viraste a cara ao sofrimento
         Nem renunciaste às dores e lutas traiçoeiras.

         Quero beijar essas mãos que me afagavam
         Enquanto no teu ventre me escondias.
         Então aí, as tuas religiosas esperanças acalentavam
         Um sonho de dor e amor e, com doces melodias,
         O fruto do teu ventre, em humildade, cantavam.

         Quero beijar tuas mãos que me acolheram,
         Ao entrar neste mundo, com um gemido,
         E, na ânsia materna, me ergueram
         Até aos teus lábios que meu débil corpo beijaram,
         Na alegria de mãe, por ter vencido
         A incerteza de um tempo atrás
         Quando duas vidas se encontraram,
         Crescendo, depois, na perfeita comunhão da paz.

         Quero beijar tuas mãos, nunca cansadas,
         Que sempre me aconchegaram ao teu peito
         Para eu saborear o teu delicioso leite.
         Mesmo não tendo tuas noites sossegadas,
         Tu sempre te reclinaste sobre o meu leito,
         Vendo, nos meus olhos, a gratidão de ter sido aceite.

         Quero beijar tuas mãos que, nos meus primeiros passos,
         Foram para mim a força da grande certeza
         Do encontro da alegria com a beleza
         Da mãe que me apertava nos seus braços.

         Quero beijar tuas mãos que, erguidas com emoção,
         Ajudaram a levantar as minhas para a primeira oração.

         Quero beijar tuas mãos que, em diária labuta,
         Amassaram a broa, o pão dos pobres,
         Fruto das canseiras, muito sangue e luta,
         Entrega, insónias e sentimentos nobres.

         Quero beijar tuas mãos que carregaram minha sacola
         Quando, em pequenino, eu corria para a escola.

         Quero beijar tuas mãos que, por amor me castigaram,
         Ensinando o caminho da virtude e honestidade,
         As mesmas que a enxada e a foice manusearam,
         Cavando e semeando em mim os sentimentos da verdade.

         Quero beijar tuas mãos, hoje, magras mas seguras,
         Sempre atentas ao meu peregrinar na vida,
         Mesmo estando com o Deus das alturas
         Serás eternamente a mãe querida.
         Como, quando criança, me ensinaste a rezar,
         Contigo, agora, em acção de graças, rezo também
         Ao Senhor que tudo fez por bondade e bem,
         Até a minha vida que tinha de começar
         No grande carinho e sacrifício de minha mãe.
      
         Num misto de profunda saudade e alegria,
         Quero ter-te sempre na minha memória;
         Lembrar-te-ei à Virgem Maria
         Mãe do Seu doce e amoroso Jesus;
         E a Deus-Pai, Senhor do Céu e da glória,
         Rogo que Ele te abrace na Sua luz.

                                                                      Manuel Armando
         (Para o Dia da Mãe, 1 de Maio de 2011)


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