Quem sou

Quem sou
Vocação: Padre - Outras ocupações: artista de ilusionismo e hipnotismo

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

QUEM É O ANIVERSARIANTE?



ERA UMA VEZ…


Ou… QUEM É O ANIVERSARIANTE?



O tempo escoa-se a uma velocidade vertiginosa. Basta fecharmos os olhos em um minuto importante da existência e abri-los, logo de seguida, para darmos conta de como ele avançou em séculos.

Passe talvez o exagero, mas ao fim e ao cabo, quando nos admiramos da brevidade ou corrida alucinante dos números do calendário, expressamos o desabafo, saído bem do fundo, que serve de desculpa para a nossa inoperância, o nosso marasmo e inconsciência sobre o ónus que nos pesa na cabeça ao qual não demos o cumprimento preciso.

É que esse tal tempo não volta atrás. Acordando tarde, é tarde demais e ele não pode ser agarrado nem travado.

Chegamos a um novo Natal. O facto não pode constituir qualquer surpresa, até porque os distraídos são “acordados” por todos os acordes das promoções ou promessas, ainda que as mesmas se descubram e se apresentem sem medula.

As correrias sucedem-se em turbilhão estonteante. As pessoas não prestam atenção umas às outras nem se dão a conhecer. Cultiva-se a banalidade e a impersonalização. É o automatismo e “robotismo” a vencer os humanos que já não logram força nem coragem para reagir.

Alheados daquilo a que se deu o nome pomposo de “crise”, aliás real, os indivíduos entram e saem em tudo quanto é canto, na busca de algo que até desconhecem ou é inexistente.

São sonhos que não podem tornar-se realidades, porque assentes em bases frágeis do existir sem rumo nem sentido. É miragem para todos quantos continuam a confundir a felicidade com o barulho, as pessoas com as coisas, a meditação e descoberta do ser-se alguém com a azáfama da inquietação.

Aquele Messias admitiu e aceitou fazer uma estadia no mundo humano e a experiência do homem arrepiado e perseguido por um mundanismo desenfreado. Mas, ao entrar no mundo disse: “Eis que eu venho, ó Pai, para fazer a tua vontade” (Sl. 40/6-8 e Heb. 10/7), e logo se apressou a aconselhar: “Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração” (Mt.11/29); “Procurai, antes, o reino de Deus e tudo vos será dado por acréscimo” (Lc. 12/31).

Na turbulência da vida, as famílias omitem o essencial até na condução dos mais novos. Não se ensina o significado fundamental e autêntico do Natal. Engordam-se com montes de prendas e guloseimas mas o que deveria ser o centro de atracção é desviado por maldade ou incúria.

Fazem-se mil e uma ofertas a toda a gente, aos grandes e aos pequenos, mas o aniversariante permanecerá sem nada. Acontece um desvio da verdade que compete a cada um de nós corrigir. Há que educar os mais jovens a partilhar vida e acção. Que não queiram só receber mas distribuir também. Que não anseiem pelas prendas mas que as dêem ao Deus Menino, por aí algures, confundido nas crianças indefesas e abandonadas; nos rapazes e raparigas perdidos nas encruzilhadas da existência; nos pobres e idosos que não experimentam a luz da alegria; nos desempregados que desesperam pela impotência de sustentarem a si e aos seus; nos que perderam já a esperança de encontrarem o conforto da fé e do respeito.

Uma prenda para Jesus. Ele é o aniversariante.

Não um desperdício para o pai, mãe, filho ou amigo, mas um miminho do pai, mãe, filho ou amigo para Aquele Jesus que veio, pela verdade e vida, refazer os projectos do Pai e dizer a todos os homens bons e de sentimentos humildes e receptivos que o mundo se há-de transformar quando os mesmos homens abrirem, de par em par, as portas da inteligência e do coração e aceitarem o grande desafio de não alijarem nos ombros dos outros o que podem e devem realizar e consolidar com as suas próprias capacidades.


Manuel Armando





















Sem comentários:

Enviar um comentário